Quando eu olho pra trás eu vejo o quanto eu mudei, e mudei por você. Porque, desde o início, eu sabia que mudar por você valeria à pena. Se hoje eu sou melhor que ontem, é por sua causa. Eu errei tentando acertar, tentando acertar o ponto exato no teu coração que te faria me querer pra sempre. Toda noite eu te olhava, antes de te deixar, e tentava dizer o quanto você é especial pra mim. Mas eu nunca disse que você seria único. Você sempre se mostrou tão realista, e sempre deixou claro que se nos perdêssemos de nós, seria difícil se acostumar com a minha ausência, mas você viveria. E eu te encontrei esses dias... Você realmente está vivendo. Eu devia ter dito que você seria o único, quem sabe, hoje eu não estaria esperando que alguém supere toda a felicidade que você me deu. Eu não sei quando nem o porquê desse amor que sinto hoje, é incerto demais. Confuso, incoerente, estranho demais pra mim. Logo pra mim. E, não tem como não viver. Foi bonito demais e frustrante demais. Ninguém escreveria a história que foi. Ninguém – nem eu, que sou tão dramática e cruel , ninguém. Eu tinha mudado minhas escolhas, minhas idéias e estava prestes a mudar todo o meu futuro. E tudo isso por você. Valeu à pena mudar, mas não valeria à pena encarar tudo isso por você. Como eu já disse, tenho muito dentro de mim e não posso dar sem receber nada em troca de todo amor que trago aqui dentro. É muito amor e eu nem sei como consigo camuflar isso em toda essa falta de amor que a maioria pensa que tenho. Tá, nem todo mundo pensa que tenho falta de amor. E eu falo de ‘falta de amor’ como se fosse uma doença. E sim, é uma doença. Não, eu não tenho falta de amor porque INCRIVELMENTE eu amo. Amo o impossível. Idiota que eu sou. E tremendamente romântica. Mas, me diz: Onde eu encontro alguém tão parecido comigo ?
Quando eu comecei a estudar música - e isso foi há 10 anos - , meu professor teve medo de me mostrar música clássica, porque eu ouvia pagode e rock de adolescente. Eu ouvia umas porcariazinhas que não acrescentaram em nada. Até que um dia, eu cheguei 30 minutos mais cedo, e eu vi meu professor, na varanda do prédio que ficava bem em frente ao prédio da Editora Abril – em São Paulo -, e no som estava tocando uma música muito envolvente. E eu fiquei parada, olhando ele com o cigarro na mão. Quando ele me viu, ele sorriu e foi desligar o som e eu disse que queria ouvir. Era a primeira vez que eu ouvia uma sinfonia de Beethoven. Depois, meu professor reservava 20 minutos de todas as aulas pra me mostrar uma nova música, e às vezes ele tocava só pra me deixar ainda mais encantada. E, quando eu estava de mudança para Santa Catarina, eu fui me despedir dele, e eu perguntei se eu encontraria outras pessoas que gostassem das mesmas músicas que eu, já que nem em casa eu posso ouvir porque minha mãe diz que música clássica dá dor de cabeça e meu pai prefere Nelson Ned e minha irmã ouve o que a maioria ouve. E ele respondeu que eu encontraria professores como ele, que me ensinariam mais sobre as músicas que eu estava descobrindo. E eu ri, e falei baixinho ‘encontrarei um namorado como o senhor?’ e ele balançou a cabeça e disse ‘isso eu não garanto’.
E eu levei isso comigo, até te encontrar. Tem noção do quanto é gratificante poder ouvir o que eu gosto sabendo que eu não estou te causando dor de cabeça nem te forçando a ouvir nada só pra me deixar bem? Eu sempre ouvi minhas músicas sozinhas e elas não me faziam lembrar ninguém. Mas hoje, todas as minhas músicas me lembram você. Todas. Até aqueles exercícios bobos que o professor de piano me passa pra eu treinar a mão esquerda, até isso me lembra você. Porque, às vezes, te olhar é como me ver no reflexo da capa dos meus CDs. E eu que sempre me critico tanto por te deixar existir dentro de mim assim, de uma hora pra outra, eu jamais vou conseguir esquecer o que foi vivido entre uma conversa e outra e o que foi imaginado entre um sonho e outro. Porque a música é a minha vida, e tudo o que eu amo ouvir me lembra você. E não vai ter como tirar a música de mim, nem você. Eu arranquei o telhado da minha casa pra esse amor crescer livremente dentro de mim - lembra? *-*
Eu poderia escrever muito mais, mas não há como negar que me prendi no abismo dos seus olhos castanhos querendo me salvar do amor. E agora eu não quero mais voltar. Não quero.
‘...in other words, I Love you...’