A saudade faz as coisas pararem no tempo. A ausência de quem a gente ama é cruel demais com a nossa alma. Eu vi em alguma dessas redes sociais que hoje é dia da saudade. Sinceramente eu não sei se isso procede, mas eu preciso falar.
Hoje eu ouvi - numa daquelas entrevistas ligeiras em que só aparece o microfone e a pessoa falando -, uma moça chorando e lamentando a morte do namorado que confundiu o banheiro com a saída de emergência e acabou morrendo.
A saudade dessa moça poucos entenderão.
Como já dizia Clarice Lispector "Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença.", essa moça nunca mais vai poder 'comer' a presença do homem que ela amava, assim como muitos pais e irmãos e tios e amigos e professores.
Essa saudade é cruel e me faz chorar a cada reportagem, a cada imagem, a cada lágrima rolando no rosto dos que sofrem desse mal.
Digo mal porque essa saudade corrói um pedaço da gente e nunca mais somos o mesmo.
Ela agride, maltrata e persegue em tudo: na comida que a pessoa ausente gostava, na cor, no estilo, nas músicas, nas roupas, os lugares que frequentava, o perfume que usava. Tudo.
E nos resta esse sentimento vazio, esse aperto no peito quando tentamos nos colocar no lugar daquelas pessoas e sequer conseguimos imaginar como superaríamos tal acontecimento.
Eu sinto saudades e sorrio quando essa saudade me tortura e me encho de esperanças esperando o dia de reencontrar todos de quem sinto saudade, mas e essas pessoas? Essa saudade irá apertar o coração delas sempre que ouvirem a campainha, virem o nome da pessoa nos contatos do celular, sentirem alguém usando o mesmo perfume.
A saudade dos planos que não se concretizaram, dos sonhos que não se realizaram, do curso que não terminou. A saudade de um futuro que nunca vai existir.
Essa saudade eu queria que ninguém sentisse, mas contra essa minha vontade bate de frente uma realidade cruel que me dificulta o sono desde domingo.
Não só o meu, mas de milhares de pessoas.
Essa saudade não devia ser de ninguém, de ninguém.