segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Segredo

Em dias assim eu fico feliz em sentir tanto a sua falta. Quando a ausência dói desse jeito é porque precisamos demais da pessoa ausente. O problema é que a saudade vai tomando uma proporção descontrolada, e daqui a pouco você fecha os olhos e tudo é a pessoa ausente. E essa saudade mata e ressuscita, e eu fico assim nesse ‘morto-vivo’ todos os dias, esperando você tocar a campainha bizarra da minha casa, com o teu sorriso largo e teus olhos brilhantes, rindo de mim por estar quicando de felicidade.

E é essa intensidade que me faz fechar os olhos e te ver em tudo. Te vejo aos lados, em cima, embaixo e dentro de mim. E pensar nisso me fez lembrar o dia que eu te olhei de verdade e vi teus olhos brilhando pra mim... Pensei em estrelas naquele momento. Sim, estrelas. Daquelas mais lindas, que cintilam no céu e alegram a noite de qualquer menina que esconde a fragilidade como um cão esconde o osso.

E eu que pensei que eu tivesse amado, mas foi depois de você que eu descobri que amor não tem remédio que cure. Eu sempre fui inconstante, pessoa de idéias repentinas e emoções imprevistas. Sempre me cuidei pra não me envolver, pra não me apaixonar, não me entregar. Quando tava ficando sério demais, BUM!!! Eu dava um belo pé na bunda e me sentia livre outra vez. Livre pra não me prender, pra não amar, pra não ser feliz. Cansei de construir fantasias e destruí-las no minuto seguinte. Cansei de fugir de casa pra sempre e não ter coragem de passar do portão.

Tolice a minha!

E lá estava eu aprisionada ao desconhecido.

Tudo se calava enquanto eu resmungava e criticava quem amava, quem se entregava, quem vivia. Mas quando eu me calava, o mundo falava que eu estava errada e eu ouvia calada, e sentia um medo absurdo de sofrer tudo de novo. Aí eu escrevia e no fundo eu sabia que existiam outros sonhos pra mim, outros planos, outros risos. Uma parte de mim acreditava que eu podia ter um final feliz, outra parte acreditava piamente que só se pode amar errado.

Eu preferia a solidão e confesso que, de vez em quando, a minha mente quer a solidão enquanto meu coração insiste pela tua companhia. E não se importe com meus oceanos chorados em noites mal dormidas.

E aí que eu mudei. Da Mayara cruel eu mudei pra Mayara insana. Insana em querer todas as coisas que eu achava absurdamente ridículas há tempos atrás. Existe insanidade maior que querer que você esquente os meus pés na cama em plena noite de verão? Isso aqui que eu sinto não pode ser controlado, eu pensei que podia, mas não pode; e sinceramente? Não faço a mínima questão que seja.

Então... A sorte é que cada vez que as coisas vão passando por mim e me deixando, o que fica é realmente importante pra mim. E coisas e pessoas importantes a gente não perde. A gente não perde nunca.





P.s: se você quer usar o meu texto no seu blog, orkut, twitter e outras bagaças, dê-me os créditos. Não custa, não dói o dedo, e você vai estar fazendo o que é certo! Obrigada.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Saudade...

É uma falta absurda. Um vazio que nada preenche. Uma saudade de devorar a presença de alguém. E, quando o vento muda de direção, eu tenho a certeza de que nunca eu tinha visto nada parecido. Na verdade, eu não sabia de nada, não tinha visto o amor e estava exatamente como antes quando eu passei a sentir isso aqui que me tira o fôlego todos os dias.

Eu pensar que eu achava impossível. Mas vou confessar: eu sempre achei impossível, mas no fundo eu sempre soube que daria certo.

Eu e essa minha mania de ver tudo desse jeito tão diferente. Ninguém nunca entendeu porque eu parabenizo quem sofre, e alerto quem vence. Ninguém também nunca entendeu porque eu sei que um dia todo mundo se encontra, as feridas são curadas, as cicatrizes viram uma marca íntima, como aquelas pintinhas que vão surgindo ao decorrer da vida e personalizando a pessoa. Pode apostar, depois de um tempo você faz questão que as cicatrizes fiquem ali... Não pra você olhar e lembrar e sofrer, mas pra elas mostrarem pro mundo inteiro que você sofreu, chorou, o mundo caiu sobre a sua cabeça, mas você continuou... Você atravessou a rua, subiu as escadas, andou milhas e milhas, continua andando... E não desistiu! Agora você anda e não deixa fragmentos por onde passa, deixa saudade... E isso vale muito à pena!

E hoje eu não queria parar aqui e escrever, mas é essa minha intensidade que não me deixa dormir a dias.

E por acreditar tanto nesse amor em mim é que eu te tenho sempre que eu preciso aqui comigo. Como numa noite de inverno, com os trovões parecendo bichos ferozes querendo entrar no meu quarto; ou uma noite quente de primavera, quando eu prefiro olhar a lua que dormir. Eu te tenho aqui comigo quando o vento muda de direção, quando eu jogo talheres por engano no lixo, quando eu não consigo pegar no sono.

Eu reclamava de todas as dores possíveis, mas quem disse que eu confessava que a maior delas era a do coração?

Eu continuo emburrada durante todo o dia, mal humorada com os carteiros escandalosos e com o cachorro do vizinho que late igual um gato miando. Eu continuo com a minha mania de querer resolver todas as coisas, e de não ouvir músicas de adolescentes apaixonados. Evito ver beijos cinematográficos, e aqueles que a vizinha vive dando no namorado que a visita todas as noites com aquela lambreta barulhenta.

A diferença é que esse pedaço de carne que vive pulsando aqui dentro está em suas mãos, e não é porque você roubou não, é que desde o dia em que eu te olhei eu perdi o medo e entreguei-o pra você e disse bem baixinho: ‘toma, faz o que quiser’. Foi como se eu me esquecesse do perigo que é fazer isso, e aí as dores que eu sentia se esconderam, se camuflaram e hoje eu nem lembro mais como é dormir com aquela mão sufocando a minha garganta me impedindo de gritar.

E há quem diga que eu mudei e que eu não sou mais a mesma. Eu não sei disso porque eu nunca fui alguém definido, cheio de planos futurísticos e essas coisas que vejo a maioria dos jovens da minha idade ter.

Eu sempre fui de planos repentinos, idéias malucas, e sempre acreditei nas pessoas bancando a distante, a insensível, a ‘casca grossa’. Não, não pense que eu mudei... Eu sou isso aqui hoje, amanhã me reinvento e a única certeza é que vou continuar amando.

Eu nem sei por que vim aqui escrever tudo isso, mas é que de repente bateu uma saudade, uma vontade de estar perto, de sentir o cheiro, de abraçar apertado e deitar no peito. Só isso. Nada demais.

Droga, eu sempre falo demais... Meu avô diz que ninguém pode comigo quando eu digo tudo o que sinto. Mas, e daí? É verdade, e isso justifica meu único amor, meus poucos amigos e minhas plantas. É como um filtro: vão ficando as pessoas que realmente contam, que não se importam com meus olhos continuamente marejados, nem com minhas mãos geladas e meus pés congelados, nem com a minha mania de ser extremamente sincera sem nem precisar pronunciar uma única palavra.

Não é legal ser assim. Mas eu sou, e eu aprendi a me aceitar assim... E nem todo mundo ta pronto pra conviver com alguém assim. Ninguém quer me suportar falando de tudo o que eu sou, às vezes, nem eu me suporto.

Há dias atrás eu não entendia o que sinto, e eu me irrito quando sinto o que não conheço. Mas o amor é assim... E eu já disse como ele é. Ele vai se alojando devagar, tomando espaço, e daqui a pouco ele é todo você.

Aí você cria essa mania de intensidade, de extremo cuidado e amor...

E é assim que eu tô hoje: intensa.

E essa constante preocupação em saber onde, como você está não é nada demais. É que você não sabe como eu te enxergo. Qualquer coisa que te aconteça, acontece com o meu mundo inteiro... E quando alguém te abraça, por instantes, está abraçando o meu mundo inteiro. Entende agora?

É o meu mundo. Cheio de coisas minhas: canetas sem tinta, flores de isopor pra por no cabelo, caderno sem folhas, sapato sem salto, unhas sem esmalte...

Não foi difícil ficar adulto, porque ao teu lado eu sou isso aqui que todo mundo vê. E eu não vou deixar de ser nunca. Por que é só ao teu lado que eu me agrado, eu me acalmo, eu me divirto. E vai ser ao seu lado que eu vou passar o resto da minha vida, segurando a sua mão e cantando a sua canção de ninar esperando você sorrir.

Não foi nada, nada mesmo... Só uma saudade, assim... De repente.

Quando sair, apaga a luz e fecha a porta.