sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Tirando o pó desta bagaça

A gente passa por cima de tudo isso e resolve seguir em frente, alugar outros sonhos - mesmo sabendo que, no fundo, a vida te reserva sonhos bem maiores - , pensar mais positivamente, tentar ser politicamente correto, se observar um pouco mais.
Quando se está só é possível descobrir coisas de si mesmo que você jamais imaginou. Eu, por exemplo, percebi o quanto sou perfeccionista com a arrumação das coisas, como sou chata quando vejo uma coisa fora do lugar. Percebi que sempre coloco a comida no prato numa ordem, e que nunca acredito nas contas que eu faço, sempre refaço as minhas contas 3 ou 4 vezes.
Falo sozinha, não consigo dormir com a luz acesa - mesmo usando o tapa olhos -, alguns tecidos me incomodam e me dão coceiras, coloco muito alho nas comidas que preparo e meu estômago não se acostuma nunca com alimentos às 8h da manhã.
A solidão faz isso com quem fingi não se importar com ela. Bastam algumas tardes sozinho, outras tantas noites,  e, por que não, umas ou duas semanas e pronto... Você já se acostumou com o sol queimando a janela no fim de tarde, o barulho de alguns pássaros perdidos, as crianças voltando da escola, outras tantas empinando pipas; inconsciente e religiosamente você cria horários para os seus banhos, refeições, leitura. E é exatamente essa a parte chata.
Na verdade, tudo isso aí é muito chato...
Eu queria que ninguém fosse sozinho. Queria todo mundo muito bem acompanhado de um sorriso, um ombro pra chorar essas dores que todo mundo carrega no bolso, um cheirinho de comida feita com carinho.
É tão sem nexo viver se não for pra compartilhar, criar, reinventar. 
Fica tão chato esse ciclo se repetindo todos os dias, com uma mudança boba aqui ou ali, mas sempre a mesma coisa, o mesmo percurso. 
Eu ainda não me localizei, não sei ao certo o meu lugar, mas de uma coisa eu tenho certeza: meus caminhos jamais serão os mesmos todos os dias.
Ficar assim enferruja. Quem vive assim desaprende a cantar, rolar de rir ou de chorar. Ninguém consegue viver sozinho em meio a essa fumaça intoxicante, esses faróis altos e buzinas desafinadas. 
Todos sozinhos correndo atrás de alguma coisa que, daqui uns anos, não fará sentido algum senão uma conta bancária recheada e nenhuma ideia do que fazer pra deixar doce esse amargo no peito e essa coisa que ninguém sabe o que é mas insiste em fazer falta.
Sem contar esses tantos milhares de rostos tristes à procura de alguém pra sorrir junto, pra um piquenique num sábado tedioso, um passeio no domingo de tarde, compras de madrugada e cinema na sexta-feira.
Bom mesmo é acordar tendo motivos pra sorrir mesmo quando tudo tá dando errado, acordar com essa alegria aqui dentro que insiste em te deixar com cara de bobo todas as vezes que você se olha no espelho.
Mesmo nessa solidão chata consequente da correria de todo mundo ao meu redor, eu insisto em me deixar ser feliz. Porque, como já diziam os mais antigos, a vida é uma só e não compensa vivê-la pela metade ou descobrir as coisas boas quando já se está no fim de tudo.



...


Cá estou eu comemorando 1 ano e 5 meses de namoro com o meu futuro marido, pai dos meus futuros filhos. Aquele com quem quero envelhecer ao lado tomando chá de camomila enquanto ele me irrita dizendo que camomila tem cor de xixi e que chá bom é chá de fruta.
Mas mesmo com toda a implicância é dele que quero cuidar, porque é dele que o Senhor Jesus cuida pra mim desde sempre.
Tharsis Novais, posso dizer que te amo mais uma vez? Já disse milhares de vezes mas nunca parece o suficiente, então me deixa te mostrar o meu amor por toda a minha vida - mesmo sabendo que ainda assim não será suficiente.


Um excelente final de semana a todos.