sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Gosto de chuva

Eu lembro daquela noite como se fosse hoje. Era uma noite quente de 2006, com uma brisa suave, crianças correndo com brinquedos nas mãos, a avenida Beira-mar estava repleta de luzes, a árvore estava linda - e foi a primeira e única vez que a vi realmente linda - , era uma bela noite de natal. As crianças esperavam ansiosas pelo papai noel, que viria numa 'carroça' colorida e cheia de luzes gritando 'HOHOHO' enquanto todas elas começavam a achar que o seu presente de natal apareceria no pé da árvore de natal da sala, ou em meio ao carvão da lareira.
O mar estava calmo, o vento parecia acariciar o meu rosto. Meu coração doía. Eu queria chorar, sair correndo, fugir pra algum lugar.
Fiquei ali, encostada em uma árvore, ouvindo as crianças gritando ao longe, sentindo a brisa secar uma lágrima ou outra. Eu lembro desse dia com perfeição porque foi nesse dia que eu finalmente aceitei o fato de que algumas pessoas nasceram para sentir o amor, e não parar viver um.
Essa coisa de um saber do outro, cuidar do outro... Isso era pra gente de outro mundo, de outro nível.
Mas do mesmo jeito que eu aceitei essa coisa de que um sente o amor e não vive, o outro vive e não sente - se é que isso é possível - , eu também tive que aceitar que quando tem que ser, será, não adianta correr, fugir.
Foi aí que em 2010 Deus resolveu me surpreender, e eu tentei fugir apavorada. Ah! Como eu tentei fugir desses olhinhos castanhos pequenos escondidos por trás daquele óculos de lentes arredondadas, como eu tentei fugir das mãos que perseguiam as minhas, do olhar que sempre encontrava o meu entre um pudim de leite condensado e outro. Como eu tive medo dessa distância. Como eu tive medo de não conseguir confiar, de não me entregar, de não conseguir suportar.
Como foi difícil me olhar no espelho e reconhecer que aquele coração que estava pulsando forte já não era solidão. 
E depois de um ano e 3 meses, eu olho pra trás e me sinto tão orgulhosa. A gente tinha tanto medo de não acertar, tanto medo de se machucar, jamais vou me esquecer das orações sinceras, embargadas num choro tímido, pedindo ao Senhor que cuidasse da gente, que guiasse as nossas vidas e que nos mostrasse o centro da vontade Dele, porque antes das nossas vontades, a Dele sempre tem que prevalecer.
A gente completou um ano e um mês de namoro no dia 03 e eu não vim dizer nada aqui. Você foi embora nesse dia, e até esse dia eu não tinha ideia de como uma despedida podia doer. Eu já te vi indo embora outras vezes, mas essa última doeu mais que todas as outras. Os dias que você passou aqui foram resposta de Deus pra nós. A gente pôde sonhar, planejar e pedir a Deus juntos que nos ajudasse a realizar todos os nossos sonhos.
Hoje eu te queria aqui. A gente podia jogar UNO pra roubar da Sara, eu faria bolo de chocolate e pipoca de frango pra gente ver um bom filme, depois eu iria estudar piano enquanto você faria a sua cara de nerd pra mexer nos seus bancos de dados da vida. Mas nós estaríamos perto, estaríamos nos vendo. 
Apesar que te encontrar virou apenas uma questão de fechar os olhos.
Eu estou aqui fazendo a minha parte: te esperando. Esperando você voltar, como você me promete a cada abraço de despedida.
Obrigada por entender meu choro, minha saudade, minhas crises de riso, minha vontade de fugir só pra te encontrar. Obrigada por me encher de esperanças quando eu penso que o tempo não vai passar nunca.
Eu poderia ficar horas aqui te agradecendo por cada coisinha que você me faz viver, por levar em consideração os meus detalhes e as minhas manias, mas eu não sei nem como fazer. Eu, sinceramente, agradeço a Deus por ter me enviado você. Aquele vazio de um grande amor que nem mesmo Deus pode preencher, você preencheu. Você me completa e isso parece loucura pra tanta gente, a gente passa por insano, maluco por estar querendo casar, e eu - pior ainda -, porque passo o dia bordando e comprando coisinha pro enxoval, isso quando não me empolgo com enxoval de bebê quando penso na família que Deus vai nos dar. 
Não estamos perdendo por esperar em Deus, nós escolhemos esperar e essa foi a melhor decisão das nossas vidas.
Depois de você eu descobri como é bom viver - apesar de todas as despedidas e saudades. Eu te amo, e você me ama, e com a benção de Deus, não precisamos da aprovação de todos esses que nos chamam de loucos. O amor, quando firmado em Deus, tudo supera, suporta, sofre e crê. 
E como já dizia Caio Fernando Abreu: 
'Eu tenho um amor fresco, com gosto de chuva e raios e trovões. Um amor que me veio pronto como a chuva que cai de repente, uma nuvem que não passa, uma flor que não morre. Um amor susto. Um amor trovão fazendo barulho que me bagunça e chove em mim todos os dias.'


Eu te amo mais que a mim, e espero no Senhor o dia que finalmente eu vou dormir recostada no seu peito, e vou acordar tendo a certeza de que não foi um sonho.






sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Tirando o pó desta bagaça

Pensei que o verão seria insuportável. Que a saudade me acompanharia durante todos os dias, que o cheiro do mar me faria muita falta, o barulho dos aviões, o bairro tranquilo, o grito da torcida nos dias de jogos, o ônibus super confortável e com um trajeto incrível comparado com os daqui.
Eu pensei que seria um grande tédio. Uma chatice sem tamanho.
Mas os dias aqui tem me surpreendido. O final da tarde tem cheiro de infância, a noite tem uma brisa gostosa que me embala sempre que estou na varanda olhando a rua e sentindo saudade.
E hoje a noite está assim: me embalando.
De repente voltei à minha infância, lembrei dos brinquedos, das brincadeiras, descobertas, de coisas que eu nunca tinha lembrado. Lembrei das músicas, dos cheiros, das pessoas.
Lembrei do creme de laranja que a minha vó fazia porque me achava pálida, e da sopa de cenoura que ela prometia que ia me corar as bochechas.
Lembrei das cerejas que enfeitavam as cestas de natal, das frutas que enchiam meus olhos, dos carocinhos da melancia que ela fazia questão de tirá-los um por um - e, por isso, até hoje não consigo tirar os carocinhos perfeitamente como ela.
Das vezes que íamos colher margaridas e só hoje eu vejo que mais colhíamos sorrisos que flores. Lembrei das roupas das minhas bonecas que ela fazia questão de pregar os botões, dos pães maravilhosos, bolos e cação ao leite de coco que era de lamber os beiços.
Lembrei da cara de espanto dela quando mostrei a internet e o que eu podia fazer nela, os joguinhos, as fotos, músicas e vídeos e jamais me esquecerei do sorriso dela quando me viu cantando profissionalmente pela primeira vez.
Eu sempre quis que ela tivesse orgulho de mim, e ela tem.
Me lembro das tardes que eu aprendia correndo as músicas do R.R. Soares pra cantar pra ela só pra ver os olhinhos dela brilhando, das músicas "É bonita, É bonita, a cidade que Jesus preparou, ela é bonita!", e da música do Toque no Altar que ela dançava até cair.
Eu já nem sei quantas vezes eu disse que não voltaria atrás e voltei, mas não há como não voltar se for por ela. Ela amou e tentou conciliar tudo do seu jeito, seu jeito, muitas vezes, imaturo mas tentou.
Ela me ensinou que aquilo que é bom, importante, e de verdade, e forte - não importa se é coisa ou pessoa - na sua vida, isso não se perde. E eu não vou perder as lembranças, os momentos, as risadas e as diversas reconciliações. 
Minha vózinha querida faz parte de mim, sempre.



...


Buenas, passei aqui pra tirar um pouco da poeira desse blog, depois vou dar um jeito nesse layout porque eu não sei onde eu estava com a cabeça quando coloquei ele.
Também passei aqui porque o senhor Fabio Bioca, do blog http://www.horainsone.com.br/ , me desafiou a postar e, posteriormente, ele irá postar no blog dele até 00:00h.
Então, fiquem ligados no blog dele que, aliás, é muito bom!
Bom, abriram-se as inscrições pra quem quer me ajudar a montar meu enxoval - mentira - , na verdade, eu comecei a montar o meu enxoval oficialmente essa semana, então... Quem quiser ajudar, beleza, quem quiser vir me ver bordas o dia inteiro enquanto ouço Brooke Fraser, beleza... Agora, se você for me dizer que sou muito novinha pra casar e tenho cara de bebê, eu vou te mandar lamber sabão. E TENHO DITO!
Em breve postarei as fotos dos meus joguinhos de cozinhas todos bordadinhos e fofinhos e tchutchuquinhos *-*


Ao meu amor, Tharsis Novais, quando fecho os olhos, é você quem eu vejo; ao lados, em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim. Te amo e te espero hoje e sempre!





E quando você sair, apaga a luz e fecha a porta.