domingo, 24 de julho de 2011

Can't Take My Eyes Off You

Eu lembro que era uma noite como outra qualquer. Depois de um telefone eu demorei um pouco pra dormir - já que eu nem lembro quando foi a última vez que peguei no sono sem ouvir a voz dele -, e naquela noite eu tive que dormir sem ouvir a voz dele. Foi terrível. Eu virava de um lado, virada do outro, e nada do sono chegar. Peguei o celular várias vezes, discava o número dele, mas não apertava SEND. Eu não podia. Ele tinha me dito que estava na festa de aniversário da prima dele, acabaria tarde e ele dormiria na casa da tia. Eu não queria aparentar a namorada chata - não que eu não seja, mas só ele sabe disso.
Acho que de tanto me dobrar e desdobrar na cama tentando encontrar uma maneira de conseguir pegar no sono, eu acabei dormindo. A noite passou muito rápido - não que eu tenha visto passar, mas é que eu mal fechei os olhos e o sol já estava raiando.
Minha mãe veio me acordar com um sorriso desconfiado dizendo que precisava sair com meu pai e que voltaria em 40 minutos e a mesa do café da manhã tinha que estar posta.
Não gosto de ser acordada às 07:00 da manhã pra arrumar a casa, isso eu faço depois das 10:00. Mas como eu já estava acordada e demoraria cinco horas pra pegar no sono de novo, resolvi levantar.
Lembro que vesti uma calça jeans, uma segunda pele preta e uma blusinha listrada por cima. Era Outubro de 2010, o inverno já tinha passado, mas eu ainda sentia frio.
Dei uma sacudida no cabelo, olhei a minha cara pálida enquanto escovava os dentes, e fui preparar o café.
Ouvi o motor do carro do meu pai, a Fanykita fez o escândalo de praxe que ela sempre faz quando meus pais estão chegando, e eu continuei na cozinha. O pai estacionou o carro na garagem, a mãe entrou em casa primeiro e ela estava estranha, achei que meu pai tivesse comprado kinder ovo pra me fazer uma daquelas surpresas engraçadas quando ele entra em casa segurando o kinder ovo como se fosse me entregar pra uma criança de cinco anos.
Eu apareci na porta da sala e meu pai segurava a porta do carro enquanto ele saía. Ele, o seu óculos, a sua mochila, e um sorriso que quase me fez desmaiar.
Eu mal pude acreditar.
Na noite anterior ele tinha me dito que estava no aniversário da sua prima, e naquele momento, lá estava ele, bem na minha frente, me olhando como quem olha um eclipse. Eu não tive outra reação além de dar um sorriso sem graça e abraçá-lo rapidamente antes que minhas patelas resolvessem ali mesmo caírem.
Eu queria ficar ali olhando ele por um bom tempo. Olhando por toda a minha vida.
Eu corri pro meu quarto e pulei na minha cama. Fiquei pulando em cima da cama como uma criança feliz. Eu não queria aparentar tanto nervosismo - o que foi inevitável - , mas eu precisava extravasar de alguma forma.
Cansada, eu sentei na beira da cama e naquele momento eu percebi que a vida, apesar de bruta, ela pode ser mágica.
Depois de tudo o que eu tinha passado, depois de todos os choros, decepções, ilusões, textos e músicas, eu respirei fundo e entendi que o que estava em mim era o que eu realmente precisava. Eu vi que tudo tinha passado, mas o que ficou era o que realmente me importava.
Ele estava ali. E não importava que eu tinha sido deixada uma vez, ele estava ali e alguma coisa me dizia que ele não faria igual.
Eu pensei nele durante todos aqueles meses imaginando que seria mais uma de minhas alucinações românticas, mais um dos meus quase sonhos realizados. Só de pensar que ele estava na sala, a poucos passos de mim, meus olhos marejavam.
E eu a pensar que aquela cicatriz deixada doeria horrores nos dias de chuva, que eu passaria o resto da vida olhando pela vidraça molhada pela chuva e lembrando de como eu poderia ter sido feliz. Mal sabia eu que a felicidade eu ainda não havia conhecido.
Eu ouvia aquela voz todos os dias, e eu tentei afastá-la de mim. Como eu tentei. Joguei sobre ela todos os meus medos, traumas, coisas travadas, coisas duras. E isso só me fez sentir mais amor.
Naquele instante, sentada ali, sentindo o cheiro do lírio que estava embaixo da janela do meu quarto, eu aceitei que eu não podia mais negar o que eu sentia. Respirei fundo e fui pra sala.
Ele estava sentado, arrumando o óculos, com cara de quem não estava envergonhado.
Eu sentei tensa ao lado dele, olhei-o por alguns instantes e tenho certeza que não pude conter meus olhos marejados.
Ele encostou na minha mão direita, que estava sob o sofá, e pareci levar um choque. Ele insistiu e a segurou e somente ele, com todo aquele jeitinho especial, consegue esquentar as minhas mãos.
Ele olhos os meus olhos como quem olha um aquário procurando peixes coloridos, e disse que me amava.
Eu queria tanto ele ali. Eu desejei por meses seguidos olhar ele sentado ao meu lado, eu me aproximei e encostei no ombro dele. Ele me abraçou como se nunca mais fosse me soltar, e sussurrou que nunca me deixaria.
Eu tinha esperado dezenove anos por aquela frase. Mas não somente pela frase, pelo momento, pela voz, pelas mãos, pela intensidade. Havia amor naquilo. Muito amor. E eu quis chorar litros no ombro dele, dizer o quanto eu esperei por ele, e como eu temi nunca encontrá-lo. Como eu temia os famosos desencontros da vida.
Mas você me encontrou, True. Me encontrou e me amparou.
E hoje, ao te ouvir novamente, você sussurrou a promessa que me fez aquele dia. E dessa vez eu chorei litros.
As pessoas prometem e continuam a vida como se nada tivesse acontecido. Eu sempre pensei que promessas são mais que compromissos. São coisas que te incomodam até que sejam cumpridas. Se você prometeu você perde o sono, a fome, você emagrece, engorda, fica ansioso, rói as unhas, morde os lábios... Promessas deviam incomodar.
E se você prometeu e ainda não é hora de cumprir, você se lembra da promessa todas as vezes que olha a pessoa.
E de tudo o que eu já ouvi, vi e vivi com você, hoje foi um dos momentos mais lindos. Você lembrou da promessa, e sussurrou com embargo na voz, como se faltasse pouca coisa para que as lágrimas finalmente rolassem pelo seu rosto.
Eu me lembro que quando você foi embora - levando um pedaço de mim - , eu fiquei por semanas ouvindo 'Can't Take My Eyes Off You - Lady Antebellum' porque me lembrava o seu cheiro. E hoje, quando resolvi postar esse texto, voltei a ouvir essa música e sentir o seu cheiro.
Resolvi vir aqui escrever porque, assim como eu, você ainda preza pelos detalhes, e são esses seus detalhes que me fazem te amar mais do que cabe em mim.
É amor, porque, se não fosse amor, não haveria saudade nem o meu pensamento o tempo todo em você.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Meus 20 anos



Quando eu completei 16 anos eu resolvi ter um blog. Ou seja, faz quatro anos que sou blogueira. Digamos que uma blogueira um tanto diferente que em tempos atualiza seu blog diariamente, outros tempos semanalmente, e outros ainda anualmente. Normal pra mim que sou inconstante. A questão é que eu sempre postei um texto em todos esses meses de Julho que se passaram falando do dia do meu nascimento. E aí que esse dia chegou, passou, já é dia 11 e eu to aqui enrolando pra postar o texto. No entanto, hoje eu estou esperando o carro do CORREIOS que está demorando uma eternidade pra chegar e entregar o presente do meu namorado, eu imprimi o histórico do CORREIOS que diz que a minha entrega já saiu e daqui a pouco esse histórico vai pra minha agenda. O meu namorado disse que se eles não entregarem hoje eu posso processá-los. Isso não me tranqüilizou. Não quero brigas judiciais, quero o presente. Só isso.
Mas, enfim... Completei 20 anos. Tá. Não senti nada diferente, como não senti quando completei 18 anos. Eu já havia passado pela experiência dos 18 anos, e não esperei dos 20 anos grandes mudanças interiores – eu lembro o quando fiquei frustrada quando percebi que a única coisa que mudou quando completei 18 anos foi a possibilidade de abrir contas em bancos e, logo, atrair dívidas; tirar a habilitação – que se tornou uma lenda - , e responder pelos meus atos. Só isso.
As regras rígidas de horários continuaram, o limite de tempo no computador, as louças depois do almoço e da janta, a Sara usando minhas roupas e acessórios, eu me achando magra e meu corpo me avisando que iria se desenvolver só depois dos 21 anos.
O que realmente mudou foram os cheiros, os lugares e as pessoas. Quando completei 18 anos, planejei minuciosamente cada detalhe dos meus 20 anos e nada foi sequer parecido com meus planos. A começar pelo lugar, já que não sinto cheiro de mar e areia desde dezembro do ano passado.
E digamos que esse aniversário foi um dos mais intensos e sinceros que já tive. Deus guardou essa data pra me fazer recordar da Sua eterna fidelidade e no Seu amor incondicional por mim.
Não pelos presentes, mas pelas pessoas.
Meu pai foi um fofo. Fingiu esquecer do meu aniversário durante todo o dia, pra no final da noite chegar em casa e me pegar no colo, orar por mim, me sentar no sofá e me dar coisas que eu jamais pensei que ele fosse lembrar que eu gostava. Ele me deu o bolo Pullman com gotas de chocolate que eu não comia desde os 8 anos de idade, me trouxe aquele refrigerante caçulinha que eu levava pra escola, me deu uma barra de chocolate branco GALAK – era pra ser LAKA, mas ele é péssimo com nomes de produtos - , me deu uma barra de diamante negro, uma bandeja de uva passas e outra de ameixas, uma caixa de bombons, e quando eu pensei ter acabado, ele tirou do bolso o MP3 que eu tinha pedido desde o começo do ano e meus olhos marejaram. A mãe fez meu prato preferido e a Sara me fez rir o dia inteiro. Eu não poderia ter uma família mais perfeita.
Quem diria que eu completaria 20 anos amando e bordando coisinhas pro meu enxoval? E pensar que Deus usou você, Tharsis Novais, pra me ensinar a amar e me mostrar que a vida não era aquela coisa chata que eu pensava. Você e toda a sua melodia me encantaram e hoje eu já não sei como é viver sem ter você e todas as suas manias e surpresas que quase me matam do coração. Obrigada por ter feito dessa data um dia lindo, doce e completamente inesquecível. Eu te amo e amei as trufas, a surpresa, o sapato – que provou que você realmente sabe o tamanho do meu pé já que mandou um 35 mesmo eu dizendo que calço 36 e o sapato calçou meus pezinhos perfeitamente - , e eu amei o que sempre mais me cativou em você: as palavras. Amei as coisas lindas que você me disse, os mimos logo pela manhã, as músicas que você fingia esquecer as letras e as tantas outras que você cantou pra mim. Tudo perfeito, amor. E só ficaria mais perfeito se você estivesse aqui comigo pra eu apertar suas bochechas gostosas. Te amo muito.
E a festinha aqui em casa? O bolo foi eu que fiz com muito amor e modéstia a parte, TAVA MUITO BOM! :P
E a Nanny? Que fez um drama lascado me escondendo o que tinha comprado pra mim durante toda a semana e quase me matando de curiosidade? É bom saber que Deus reservou amigos que estariam ao meu lado independentemente do meu jeito espalhafatoso e desajeitado. Obrigada pelo cartão maior que VOCÊ, pelo livro, pelos abraços, pelas 800 mensagens que você me mandou durante todo o dia, pelos papos cabeça, por me ouvir, por me fazer te ouvir, e por estar aqui, ao meu lado, sempre. Deus nos fez irmãs de alma.
Digamos que estou vivendo aquela boa fase da vida de qualquer ser humano. Estou aprendendo, estou vivendo, to sofrendo de saudade, to amando mais que cabe em mim, to buscando, to esperando, to cantando, to trabalhando, to bordando, to fazendo o que eu sempre quis fazer e não conseguia.
A Denise que não se esqueceu desse dia, que estava aqui comigo, não como esteve lá em casa nos meus 19 anos, mas esteve comigo, de alguma forma, como sempre está por esses 5 anos de amizade. A nossa amizade superou aquele tempo de conhecimento, de se suportar, e hoje a gente, finalmente, se entende. Obrigada por continuar aqui. Te amo, broto de gente.
As palavras dos meus pastores foram simplesmente lindas, os abraços dos meus irmãos na fé, a surpresa da Renata e da Li chegando com o carro com o som na maior altura cantando parabéns junto com as crianças por quem sou apaixonada: Mimi, Vi e Lauren. As brincadeiras, o DVD do Renascer Praise tocando durante toda a festinha, a caixa de bombons da Tia Lili. Era como se toda a minha família finalmente estivesse unida aqui em casa. Foi plenamente satisfatório vê-los aqui ao meu lado.
Eu posso ter me esquecido de algumas pessoas, mas ficou gravado em mim. Poderia ter sido uma festa de arromba, de parar a cidade, se não tivesse sido como foi, não seria tão perfeito.  Eu sempre falei da história do trem, que a gente sempre aprende a sobreviver sem algumas pessoas. Mas toda regra tem a sua exceção. E que fique constado aqui: nem sempre você aprende a conviver com todas as pessoas, e a sobreviver sem algumas. É fato e é isso que tem me feito assim.
O sol agora está indo embora, quase se escondendo por detrás da montanha, são exatamente 17:16 hs, e eu desejo que esse sol que teima a brilhar todas as manhãs ilumine os corações cinzas de quem está como um dia eu estive, e que aquela esperança de que as coisas finalmente um dia vão mudar renasça e te faça respirar fundo e sentir paz. Porque Deus sempre continua sussurrando: “Não desista, o melhor ainda está por vir”.
E é essa força que vem do amor que Deus me deu, da família que Deus me deu, dos amigos que Deus me deu, do lugar que Deus me deu e de tudo o que Ele tem pra me dar que me faz ver que o que eu tenho aqui dentro é maior, muito maior que todos os ventos contrários.
Eu vim aqui mesmo dizer: MUITO OBRIGADA!
Obrigada porque vocês me fizeram viver toda essa mistura de sentimentos que me trouxeram a felicidade que eu jamais pensei que fosse sentir.
Quando sair, apaga a luz e fecha a porta.
E você, meu amor, fica aqui comigo pra sempre.